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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

O Dia Escuro - Coletânea


Logo de início a Fabiane, uma das organizadoras do livro e quem escreve a apresentação, cita:

Como que uma menina que gostava tanto [...] de inventar mundos bonitos e solares, ao mesmo tempo não resistia a histórias assustadoras, repletas de crimes, cemitérios e fantasmas?

O Dia Escuro, Coletânea de Contos

Achei curioso esse questionamento, porque há muito tempo acredito que não somos criaturas voltadas totalmente a uma forma de ser. Temos nossas dualidades, não tem como sermos apenas luz ou sombra.

O que as mulheres contemporâneas pensam quando pensam em terror?

O Dia Escuro, Coletânea de Contos

Essa premissa me interessou ainda mais e me fez imaginar: O que virá a seguir nessa coletânea de textos?

Depois de ler alguns contos rapidamente retomei minha memória a outro livro de contos, o Ficções Amazônicas, esse sobre contos amazônicos, com temática de fantasia, mas sem um ar de folclore ou mitológico.

Assim como nas Ficções - em que o objetivo é apresentar histórias que tenham um contato com o dito folclore, mas sem esquecer do dia a dia que pode ser como qualquer outro no Brasil, sem esse ar apenas místico. - este conjunto de textos quebra a expectativa de que terror tem que ser algo completamente assustador, com monstros, sangues e sustos. Não, o terror está também no delicado, no detalhe, e isso é extremamente enriquecedor.

Como no encontro inesperado de um dedo nas areias, "como ele apareceu por lá? De quem seria?".

Ou no estranho encontro de uma garota com sua amiguinha que ninguém mais se lembra de ter existido nos arredores, mas que jura conhecer sua irmã falecida há alguns anos. E aquela dúvida, será que realmente a garota via o demônio?

Ou ainda naquele jantar meramente formal, para puxar o saco do chefe, mas onde tudo que é oferecido você não gosta, ou não te agrada comer, mas como está lá por algo maior se vê na obrigação de fingir deliciar-se.

A leitura desses contos me traz a lembrança histórias de horror como Sinfonia da Necrópole ou Cidade, Campo (também escritas por uma mulher), filmes em que o horror não está na imagem que nos aterroriza, mas na suavidade em apresentar o místico (não é essa a palavra que procuro)` e no desconhecido que se apresenta no dia-a-dia, na rotina, como natural. Ou até mesmo O Pesadelo de Célia, história que o horror se encontra mais pela situação real e os personagens nela envolvidos do que pelo terror de uma criatura ou criação que estão ali para nos aterrorizar.

Será que é possível escrever um conto de terror quando a realidade parece um conto de terror?

Neon, Carola Saavedra (O Dia Escuro, Coletânea de Contos)

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