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sábado, 22 de fevereiro de 2025

Contato - Carl Sagan

Capa do Livro Contato de Carl Sagan, capa dividida em 3 partes horizontalmente. no topo o nome do autor, no meio o título do livro e no final o desenho de um radiotelescópio
Não sei porque demorei tanto para ler esse livro, ele sempre ficou na minha mente como uma obrigação a ser realizada, principalmente por gostar tanto do filme.

Aliás, por gostar tanto do filme, sabendo que ele realmente é muito bom, e mesmo tendo a máxima de que o livro é  sempre melhor que o filme, isso sempre me fez temer  achar o livro pior.

Spoiler: Não aconteceu.

Vale já outro aviso de que não farei comparações com o filme por aqui, se o fizer deixo para um post pessoal lá no meu blog.

Vamos ao livro. 

A história está centrada em Ellie, uma radioastrônoma que tem por objetivo de vida e carreira encontrar outras formas de vida inteligente nesse universo enorme, porque, como diria o próprio Sagan:

O universo é um lugar muito grande. Se somos apenas nós, parece um terrível desperdício de espaço.

É importante ressaltar que Sagan não esquece de considerar que Ellie é uma mulher de poder num universo dominado por homens e que mesmo sendo uma mulher brilhante na sua carreira, ela não deixa de ser uma mulher e tem que enfrentar diariamente todo o machismo e a misoginia presentes na sociedade. Em todo o momento vemos Ellie nessa luta constante e no seu esforço de continuar mostrando seu valor.

Também é interessante comentar que o livro foi escrito durante a Guerra Fria e que mesmo Sagan sendo um estadunidense ele se esforça para não transformar a visão de outras nacionalidades, inclusive a soviética, num estereótipo raso e pejorativo. 

Ellie tem todo esse fascínio pelo universo desde criança e outra característica muito presente no livro é a grande ligação que ela tem com seu pai. Na verdade, na memória de seu pai que faleceu no final da sua infância o que transformou a relação com sua mãe e seu padrasto numa relação delicada de afastamento e negação.

Participando como diretora do conjunto de radiostelescópios do VLA (Very Large Array) no Novo México e do projeto Argus, Ellie finalmente ouve uma mensagem vinda do espaço que certamente confirma a existência de seres vivos e pensantes nas profundezas do universo, em Vega.

A chegada da Mensagem traz junto toda uma questão geopolítica de divulgação de que ouve contato com seres extraterrestres e da necessidade de compartilhamento e coparticipação de todo o planeta para que a informação não seja perdida no momento em que os EUA não estejam no raio de recebimento das ondas de rádio.

Como Sagan foi antes de tudo um grande cientista e divulgador, a história tem o tempo todo grandes passagens com conceitos e explicações com embasamento cientificamente mais acurado que nos fazem ter alguma dificuldade em acompanhar os raciocínios dos personagens. Não é nada extremamente complicado, mas a gente percebe o cuidado em transmitir as informações de forma mais realista possível.

As questões políticas, principalmente com a União Soviética, estão sempre presentes na história, além de todo o arcabouço de preocupações em compartilhar informações sensíveis com outras nações que possam transformar qualquer outro país numa potência (militar) que possa bater de frente com os EUA. Mas, ao mesmo tempo, você lê no texto de Sagan seu positivismo em relação à possibilidade da sociedade ter condições de trabalhar unida em torno de algum bem maior. No final, Sagan acredita no serumano.

Com a chegada da Mensagem vem a descoberta de que na realidade estamos recebendo um grande manual de construção de uma Máquina e aqui partimos para mais um jogo político de quem vai construir, onde e quais indústrias terão acesso a toda uma tecnologia não-terráquea. E novamente vemos que Sagan tem uma esperança na humanidade quando essas questões são resolvidas de forma pacífica e que garantam a montagem da Máquina sem entrarmos numa guerra mundial.

A coisa toda anda com algumas intrigas políticas, problemas e dificuldades construtivas e mais um impasse político: quem serão as 5 pessoas que viajarão até Vega? (sim, 5 pessoas terão essa honra).

Tudo decidido, a Máquina construída e claro que Ellie está entre as escolhidas.

Vamos para Vega!

A viagem acontece, Ellie e seus companheiros conhecem os veganos e retornam à Terra. E é aí que temos o problema.

Acontece que aqui na Terra se passaram 20 minutos, enquanto para nossos viajantes foram quase 2 dias. E mais, nada que eles fizeram para filmar a viagem ou que comprove a ida deles voltou. Enquanto isso, na Terra,  além de se passarem apenas 20 minutos, a Máquina não saiu do lugar. Foi como se ela tivesse ligado e morrido na partida. Nossos cosmonautas foram ao centro da galáxia, visitaram os veganos, conversaram, tiveram uma experiência quase transcendental e nada foi registrado ou há como se provar.

E aí que entra uma outra boa questão do livro e que permeia boa parte das obras de Sagan: a relação entre ciência e fé.

Ellie é uma pessoa ateia, não por negar a existência dos deuses, mas por não existirem evidências da existência deles. Logo, é mais lógico acreditar que eles não existem.

E de repente, ela se vê na mesma situação, não só ela, mas seus amigos cientistas também: ter de explicar uma experiência magnífica e fora da realidade que entendemos, mas não temos evidências, e querer que acreditem.

E como lidar com isso? O que fazer? Bom, não posso contar, porque isso é o que traz ao livro sua maravilha, participar desse processo com nossa querida Ellie, lidar com toda essa frustração e ir em busca de evidências.

Grande parte da obra de Sagan tem sempre esse dilema, Sagan sempre agiu com muito respeito com relação à fé, sem a colocar em choque.

Sagan sempre defendeu que a ciência pode nos tornar pessoas que se maravilham com o universo, mas por outros motivos, por entender, ou por buscar as respostas de porquê as coisas são assim. E só isso já vale a leitura.

Grande abraço a todos.

Boa leitura.

sábado, 3 de dezembro de 2022

Amazônia 22 - Eduardo M. C.

No Brasil de um futuro distópico, os cidadãos brasileiros vivem em complexos gigantescos construídos suspensos sobre a Floresta Amazônica. Crescendo na floresta, fora descoberta por uma cientista anos antes a Vitória-régia Azul, uma mutação de difícil cultivo e reprodução em laboratório que tem propriedades extraordinárias de cura. A sociedade vive no que parece ser uma ordem e uma paz inabaláveis, onde cada casta desempenha seu papel sem questionar. Mas toda grande descoberta da humanidade, invariavelmente, vem rodeada de batalhas por dinheiro e poder, mesmo que por debaixo dos panos. 

Nesse contexto, vive a protagonista Ana. Sendo filha do comandante do complexo em que habita, Ana se beneficia de confortos e privilégios, burlando as as regras do complexo quando lhe convém, pois sabe que nada vai lhe acontecer. Apesar de viver a melhor das vidas, Ana se sente de certa forma deslocada. Detesta (quase todos) os seus colegas de colégio e não compreende muito bem o motivo. É quando chega em sua sala um novo aluno, Jonas, um ajustado, uma casta inferior treinada para servir. Jonas ganhara do governo a oportunidade de ascender socialmente, então precisa andar sempre nos trilhos e não chamar muito a atenção para si. Ana fica fascinada por Jonas, o que desperta ciúmes e ressentimentos dos seus colegas de casta Diogo e Felipe. E, por um acaso do destino ou não, os quatro se encontram numa missão especial do governo para descobrir onde está o documento deixado pela cientista sobre como reproduzir a Vitório-régia Azul em laboratório, garantindo soberania nacional.

Logo, Amazônica 22 torna-se uma verdadeira aventura com narrativa e contexto complexos, que envolve terroristas, contrabandistas, agentes dos governo infiltrados, cobra comendo cobra o tempo todo e, claro, personagens adolescentes passando por situações de reais perigos de morte (a marca registrada de Eduardo M. C.). Assim como Segredos do Ventos, é uma obra jovem que você não consegue largar até terminar. 

Recentemente, o autor lançou a continuação desta obra, chamada Semente Ancestral, já disponível para leitura. Com certeza está nas minhas próximas leituras de 2023.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Libélula Azul - Rebekah H Lindsey

Quatro jovens universitários na Alemanha vão passar as férias acampando numa floresta na Rússia. Em meio a  um clima descontraído entre Sharie, Piero, Raphael e Sttela, e com uma leve tensão amorosa pairando no ar, Sharie é subitamente picada por uma libélula azul logo no primeiro dia de aventura. Biólogos, logo os jovens estranharam tudo: libélula azul? Libélula picando pessoas? Em meio a uma piora drástica no quadro de saúde de Sharie, consegue-se o telefone de um pesquisador inglês que coincidentemente estava na Rússia, que logo os ajudam com um helicóptero e uma internação compulsiva no hospital mais próximo.
 
Aos poucos, Sharie vai passando por processos biólogicos estranhos e se transformando numa libélula humana. Pairam agora as dúvidas: que libélula era aquela? Ela era natural? Como um inseto pode ter a capacidade de modificar o DNA humano? E, mais importante, é possível utilizar esse conhecimento de forma bélica?

Gostei da escrita da Rebekah, o texto tem fluidez e as idas e vindas no tempo na história foram bem construídas, o que deu dinamismo para a leitura. Eu só questiono algumas escolhas não convencionais da autora: os quatro jovens moram na Alemanha, mas dois deles são ingleses, e a história se passa na Rússia, mas Alemanha e Inglaterra não são locações que desempenham grande importância na história, o que, para mim, poderia ter sido simplificado. Outra questão é a descrição dos personagens: dois deles são um casal de irmãos gêmeos, mas as características físicas dos irmãos gêmeos não são coincidentes. Então a ruiva é irmã do loiro, e o ruivo é irmão da morena. Isso me trouxe uma dificuldade extra de conseguir dar cara e nome para os jovens e me fez me sentir um pouco de fora de tudo que estava acontecendo. 

Fora isso, é um livro que você começa a ler e não consegue mais parar, passando por cima de pequenos furos ou deus ex machina. É divertido, descontraído, e dá a impressão de que você está assistindo um gostoso filme de sessão da tarde.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

A porta no muro - H. G. Wells

Wallace estava a caminho da escola num dia totalmente normal, quando se deparou com uma porta num muro, que nunca estivera ali. Entrou e, para sua surpresa, deparou-se com uma lindo jardim num mundo fantástico. Apesar de receber um convite para ali permanecer, por conta de seus compromissos, preferiu sair. Quando quis retornar ao lindo jardim, não mais encontrou a porta no muro. 

Wallace então cresce, sempre com o sentimento de que deveria ter ficado do outro lado da porta. Em diversos momentos de sua vida adulta, a porta reaparece para ele, que se depara com a possibilidade de largar toda a sua vida e viver no mundo mágico. Mas, por razões que ao homem sempre parecem muito legítimas (mas não para quem vê de fora), ele decide não passar pela porta e continuar a viver a sua vida mundana. Em seu leito de morte, se arrepende.

Esse foi o primeiro conto do H. G. Wells que eu li, refleti e gostei. Apesar do estilo de narrativa do autor não ser o meu preferido, as reflexões trazidas nesse conto vieram ao encontro de muita coisa do que eu penso e que já escrevi eu mesma. Em diversas situações na nossa vida, temos oportunidades factíveis de largar a realidade a qual não gostamos muito e viver algo totalmente novo. Mas o novo por vezes é assustador, então preferimos ficar na cômoda situação mais ou menos que estamos hoje e utilizamos a oportunidade passada, irreversível, do futuro do pretérito, como uma âncora para nossa infelicidade. "Ah, se naquela quarta-feira eu tivesse passado por aquela porta, hoje tudo seria diferente e eu seria feliz". 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

A Máquina do Tempo - H. G. Wells

Neste clássico da ficção científica, H. G. Well retrata a aventura de um viajante de tempo, que, ao perder o controle da alavanca da sua recém-construída máquina do tempo, acaba em 802.701 d.C.. Neste mundo bizarramente futurístico, o viajante é calorosamente recebido por um povo chamado Elói, que parece advir do que antes foram os humanos, guardando diversas similaridades consigo, apesar de ainda bastante diferentes em forma e mentalidade. Os Elói são pequenos e se comportam, no geral, como crianças ingênuas. É até um pouco difícil para o viajante distinguir homens e mulheres.

No início, os Elói se interessam bastante pelo viajante, mas logo perdem o interesse com o brinquedo novo. São bastante pacíficos, pois parecem ter a vida resolvida: no futuro distante, todo mundo come, todo mundo tem abrigo. O que gera uma estranha apatia nesta raça. Aliás, parece que nada movimenta muito o cotidiano, a não ser a noite. É de noite que os Morlok, que vivem no subterrâneo, saem de suas cavernas e os amedrontam.  

No meio de todo esse descobrimento, ou conhecimento, a sua máquina do tempo desaparece e o viajante começa a se desesperar com a possibilidade de ficar preso ali para sempre. 

O livro não deixa de ter algumas críticas sociais importantes, sobre onde os hábitos autopredatórios do ser humano podem nos levar como espécie, até a completa separação genética entre grupos elitizados e outros renegados ao submundo.  Mas algumas coisas me incomodaram bastante. O viajante acaba tendo um relacionamento que parece amoroso com uma mulher da raça Elói, o que foi bastante bizarro, visto que o autor descreve a raça como crianças ingênuas. Eu também percebi que não gosto do H. G. Wells. Acho a narrativa dela repleta de pequenos truques que, certamente na época eram novidades literárias, mas não deixam de ser artifícios fáceis para cobrir furos de narrativa. Além do que pareceu ser uma pedofilia esquisita, fica aqui o aviso: a obra é bastante antiga, então você vai ler algumas frases bastante machistas e, vez ou outra, vai receber umas pitadas de um racismo bizarro, que só mesmo no século XIX para você não ser preso.

O ovo de cristal - H. G. Wells

Nesse pequeno conto, HG Wells narra a história do Sr. Cave, um colecionador e vendedor de antiguidades que é confrontado pela família (esposa e enteados) a vender um belíssimo ovo de cristal da sua coleção. Devido ao sumiço do ovo após a oferta e ao comportamento excuso do Sr. Cave com a possibilidade da venda, logo percebemos que o ovo não é apenas um objeto decorativo. Ao estudar o objeto, Sr. Cave percebe uma luminescência que dali advém e, com a ajuda do seu amigo pesquisador Sr. Wace, descobrem que se trata de um portal para outro mundo, habitado por seres distintos dos humanos (talvez Marte?).

Entendo que no século XIX a ficção científica era um estilo não muito explorado, mas, sinceramente, achei que a história muito frustrante, pois não vai a lugar nenhum. O autor dá pulos imensos na narrativa, não descreve muito bem os acontecimentos. Me senti ouvindo a história antiga da família de uma amiga de forma muito resumida tomando um café e comendo um bolo. Eu já tinha lido H.G. Wells anteriormente (Máquina do Tempo) e sei que ele é capaz de contar uma história com muito mais detalhes. 

sexta-feira, 5 de março de 2021

Laranja Mecânica - Anthony Burgess

"Laranja Mecânica" é uma distopia clássica. Na sua realidade, jovens entupidos de drogas se reúnem à noite para tocar o terror nos cidadãos da cidade, que simplesmente estão ali a cuidar de suas próprias vidas. Espancam, roubam e humilham pessoas na rua, invadem casas, destroem os pertences, estupram. A chamada ultraviolência. O clima de medo entre os cidadãos é elevado, e a repreensão da polícia aumenta em igual proporção.

Alex, nosso protagonista e narrador, é um desses jovens. Apesar de no filme ele ser retratado como um adulto, Alex é um adolescente de 14 anos no livro, que ainda frequenta o colégio. Apesar de ter uma família amorosa, um lar quente e comida no prato todos os dias, se revolta sei lá com o que. Todas as noites se junta com o seu clã de marginais, consome drogas dissolvidas no leite e sai às ruas para infernizar a vida dos outros. Lendo com só um pouquinho mais de atenção, fica muito claro que Alex é um jovem confuso e bobão, sem autoconfiança e que, por isso, precisa se reafirmar o tempo todo. Por conta de uma disputa de poder entre os membros do clã de ultraviolência, ele é detido pela polícia. 

Após alguns anos detido, ele é escolhido para um novo tratamento, que promete curar os jovens dessa necessidade de ser violento. Este tratamento é uma lavagem e condicionamento cerebral, que associa comportamentos e necessidades violentas com extrema dor. Então é liberado de volta para a sociedade. E, tanto ele, quanto a sociedade, têm que aprender a conviver nessas novas circunstâncias.  Aí começa o questionamento de até onde nós, como sociedade, temos que ir para "curar" uma pessoa do mal que existe dentro dela? O quanto temos que tirar de sua humanidade para que ela se encaixe no que esperamos? E o quão humano da nossa parte é fazer isso?

Eu devorei Laranja Mecânica em um dia e meio. A linguagem "Nadsat", usada por Alex em sua narrativa, foi inventada por Anthony Burgess baseada em idiomas eslavos. No começo, pode atrapalhar um pouquinho a fluência da leitura, justamente porque os jovens a utilizam o tempo todo. A minha dica é de não ficar parando para conferir o significado de todas as palavras no dicionário anexo, senão você não avança uma página por dia. Tente entender o significado das palavras pelo contexto, e só consulte o dicionário caso você realmente não tenha entendido. Uma observação importante é que a versão original do livro não tinha o dicionário e, pelo prefácio, o próprio autor condenou a versão americana que o incluiu pela primeira vez. Os objetivos de Anthony, logo se vê, não eram de facilitar a nossa vida, mas de criar desorientação sobre o universo que ele criara.

À parte disso, achei a obra bastante interessante (tanto que li muito rapidamente), mas de certa forma não me cativou tanto quanto os demais livros distópicos lançados na época. Atribuo a isso o fato de o personagem principal ser um verdadeiro de um cuzão, então foi difícil ter empatia. Alguns trechos do livro, inclusive, me levaram a crer que ele tinha algum desvio de personalidade sério, algum problema psiquiátrico, pois se regozija vendo as pessoas sofrerem. Várias vezes ele narra o sangue das suas vítimas escorrendo como algo lindo de se ver. 

De toda forma, trouxe reflexões e despertou diversas emoções diferentes, não só em mim, como em toda uma geração de pessoas. Acho que é para isso que livros servem.

sábado, 12 de setembro de 2020

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
Descobri esse livro num vídeo da Rita Von Hunty sobre o perigo que seria dificultar o acesso de todos aos livros. E convenhamos que do jeito que tá já não é algo acessível.

Dito isso, vamos à história.

No geral a coisa é bem simples, estamos numa época em que simplesmente não existem mais livros a disposição. Não só isso, é proibido possuir, andar com eles pela rua ou ler. Não importa onde. 

O que acontece com quem os tem? Quando descobertos os Bombeiros vão à casa desse indivíduo e queimam os livros, possivelmente a casa e a pessoa é presa. E você não leu errado, quem faz isso são os bombeiros. Você acabou de pensar "mas eles não apagam o fogo?". Bem, aqui as edificações possuem um revestimento anti-combustão e acabou a necessidade de apagar o fogo nas cidades, mas alguém precisa garantir que os livros queimem. Não me surpreende que sobre para os Bombeiros, mas divago.

Vale dizer também que além de não termos livros, as pessoas estão tão entretidas com televisores. Não são apenas um em suas salas, mas até 4 com programações interativas. O espectador participa dos programas como se estivesse entre "familiares". Tão louco que quase posso dizer que já exista.

Nosso personagem é Guy Montag, um bombeiro padrão-exemplar (tem que ser, né) que está bem confortável com seu trabalho e a realidade em que está inserido. Mas isso muda quando ele conhece Clarisse, a nova vizinha que adora passear e conversar.

sábado, 4 de agosto de 2018

Paralaxe - Lucio Abbondati Junior

Para quem ainda não sabe, já no prefácio, Lucio esclarece que paralaxe significa "um aparente deslocamento na posição de um corpo quando observado sob outro ângulo", ou seja, uma mudança do ângulo do observador que pode mudar completamente a sua interpretação do fatos. E com base nessa premissa que o autor desenvolveu 20 contos de ficção científica, todos com finais surpreendentes.

Apesar de serem todas histórias de ficção-científica, os temas secundários (ou melhor, os panos de fundo) variavam bastante. Nelas, o autor consegue exprimir muito das suas visões políticas e seus receios - atuais com o cenário do Brasil, nos brindando com uma pequena dose de utopia, tudo isso com uma criatividade de dar gosto.

Dos 20 contos, certamente tenho os meus preferidos. Cito três: (i) Arquivo Morto, onde um arqueólogo estuda o rumo de uma civilização inteira que simplesmente sumiu do mapa sem deixar rastros; (ii) O Cavalo de Tróia, onde há uma suspeita de que os mais altos governantes dos EUA estariam sendo aos poucos substituídos por seres extreterrestres e (iii) O Farol, o maior conto do livro, que é uma história linda onde os seres humanos reaprendem as suas relações com os outros e com o planeta. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

Bernard Marx é um alfa-mais que desempenha excelentemente seu papel na Civilização, exatamente como previsto. Aliás, todos os cidadãos de todas as castas desempenham excelentemente seus respectivos papéis na Civilização, pois foram gerados em laboratório e condicionados desde embriões a os aceitarem e jamais questionarem por que os desempenham.  

Saindo de seu trabalho, não somente Bernard, mas todos os funcionários dedicam a sua vida inteiramente ao prazer. O mundo dos dias atuais foi feito para aproveitar, se divertir e ser feliz. A falta de parentesco entre os seres humanos, o condicionamento ao desapego emocional e o constante fornecimento pelo governo de grandes quantidades de Soma - droga que relaxa e transporta para outro mundo, sem maiores consequências - cria o cenário perfeito para viver uma vida breve e extremamente feliz.

sexta-feira, 30 de março de 2012

E Tem Outra Coisa... - Eoin Colfer

"E Tem Outra Coisa..." é o sexto livro da trilogia de cinco do Guia do Mochileiro das Galáxias de Douglas Adams (sim) e foi escrito após sua morte. "Como?", você me pergunta. Não, não foi psicografia ou qualquer outro meio mediúnico, mas sim Eoin Colfer (autor da série Artemis Fowl), que se viu encarregado de realizar tal tarefa.

Obviamente todos os fãs alucinados de Douglas Adams torceram o nariz pra essa ideia, da mesma forma que os fãs alucinados de qualquer livro ou saga se comportam quando resolve surgir uma adaptação pro cinema, por exemplo. Simplesmente não há maneira de ficar totalmente fiel aos originais, pelo fato óbvio que de que não foi Douglas Adams que escreveu.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Praticamente Inofensiva - Douglas Adams

No último livro da saga escrito por Douglas Adams, os personagens começam suas histórias individualmente.
Arthur Dent, por exemplo, anda vagando pela galáxia tentando encontrar algum lugar em que se encaixe para estabelecer moradia. Visitou videntes, consultou uma empresa de realocação e acabou indo parar num planeta pacato por acidente.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes - Douglas Adams


Arthur Dent está de volta à Terra, desta vez no seu próprio tempo e não 2 milhões de anos antes dela ser destruída pelos vogons para a construção de uma via expressa hiperespacial, como da última vez.

Mas peraí, tem alguma coisa errada nessa frase? Tem sim! Como ele voltou pra Terra se ela havia sido destruída? Por que tudo estava absolutamente normal? Que história é essa de alucinação coletiva e lapsos de insanidade que a população diz ser armação da CIA? E o mais importante, onde estão os golfinhos? 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A Vida, o Universo e Tudo Mais - Douglas Adams

No terceiro livro da trilogia de cinco, Arthur e Ford pegam carona num sofá e saem da Terra pré-histórica (onde passaram os últimos 5 anos), sendo materializados no meio de um campo de Cricket na Inglaterra da Terra atual, dois dias antes dela ser destruída pelos vogons para a construção de uma via expressa hiperespacial. Além do óbvio tumulto que a aparição de dois caras maltrapilhos num sofá no meio do campo de Cricket usualmente causaria, a partida ainda foi particularmente emocionante por contar com a participação de robôs malignos destruidores vindos do Planeta Krikkit (o nome do planeta é apenas uma dessas coincidências absurdas do universo).

O Restaurante no Fim do Universo - Douglas Adams


Após passar quase 4 meses envolvida numa trama tensa e extensa (O Historiador), resolvi reler a saga do Guia do Mochileiros das Galáxias de Douglas Adams, que sempre me proporciona muitas risadas e caretas de incredulidade.

Como já postei a resenha do primeiro livro da trilogia de cinco (como o próprio autor gosta de chamar), resolvi continuar as resenhas a partir do segundo livro da saga, O Restaurante no Fim do Universo.

No último livro, Zaphod descobre que tentou esconder de si mesmo um plano, cauterizando sinapses dos seus próprios cérebros (ele possui 2). No presente livro, Zaphod é constantemente lembrado que precisa completar a sua missão, mesmo sem saber qual ela é e mesmo sem de fato querer saber do que se trata essa tal missão, o ex-presidente da galáxia recebe ordens vagas de suas memórias e acaba evoluindo na sua busca.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Restaurante no Fim do Universo – Douglas Adams

Olá, amigos leitores.

Terminei mais uma etapa da galáctica jornada de Arthur Dent junto de seu amigo Beltaguesiano Ford Perfect.

Nesse livro podemos continuar desfrutando do grande humor crítico que paira nos títulos do Douglas Adams e com as loucuras que só podem acontecer com essa dupla de mochileiros.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Guia do Mochileiro das Galáxias – Douglas Adams

Saudações, amigos leitores.

O Guia do Mochileiro das Galáxias é realmente um livro fora de série, com uma leitura fácil e muito agradável Douglas Adams literalmente nos leva para outros mundos.

A cada página que passamos somos levados a torcer para que Arthur consiga compreender o que tem acontecido ao seu redor e esqueça suas tristezas e mazelas.

NÃO ENTRE EM PÂNICO! Vamos para uma grande aventura!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Jornada nas Estrelas & X-Men, Planeta X - Michael Jan Friedman

Muito bom.

Um dos primeiros livros que li junto com a coleção Os Karas. Resultado da minha febre por HQs (histórias em quadrinhos).

A história se passa no universo de Jornada nas Estrelas e de uma maneira misteriosa os mutantes Marvel aparecem na Enterprise e se vêem obrigados a viajar com a tripulação de Picard ( ator que interpreta também o Prof. Xavier nos filmes X-Men, e que no livro é comentada a grande semelhança física entre o ator e o personagem mutante) para o planeta Xhaldia onde jovens vem demonstrando estranhos poderes e precisam ser "controlados".

Aí se mostra a importância do aparecimento dos já conhecidos (não descobri como) mutantes Marvel na trama da história. Os jovens de Xhaldia não sabem o que fazer com seus poderes recém adquiridos e as forças do planeta os consideram uma ameaça (novidade?!). Assim fica ao encargo da Federação e também dos X-Men ajudar a manter a paz no planeta, coisa que na "Terra Marvel" não ocorre.

Com algumas boas batalhas e muitos embate psicológicos a história se mostra com um clichê de preconceito já recorente nos X-Men, mas que de qualquer maneira é atual para todos.

É uma ótima história para os jovens que estão saindo dos gibis e caminhando para o mundo dos livros. Com personagens jovens e familiares e uma história diferente das costumeiras nas HQs.

Boa leitura.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O Guia do Mochileiro das Galáxias - Douglas Adams

Bom, o Bob pediu uma ajuda aqui com esse blog. Como eu tenho memória de ameba, só vou poder escrever sobre os livros que acabaram de ser lidos, pois do resto eu só lembro a trama mesmo. Nem o nome dos personagens eu lembro.

Mas o livro em questão é um dos meus preferidos e eu já o li 4 vezes. E continuo rindo das mesmas piadas. Então por obrigação eu tenho que saber pelo menos os nomes dos personagens. Vou falar sobre O Guia do Mochileiro das Galáxias.

Para as pessoas que viram o filme e torceram o nariz logo que eu anunciei o nome do livro, um recado: o filme é uma bosta! Tá, eu ri, mas só pq eu li o livro e entendia as piadas. Quem não leu o livro não entende lhufas.

Mas como isso aqui não é um blog sobre filmes, e sim sobre livros, continuarei.

Tudo acontece quando Arthur Dent um dia acorda e percebe que irão demolir sua casa pra construir uma via expressa que passaria por ela. Resolve protestar contra a falta de informação que teve a respeito do destino da sua própria casa e se põe deitado na frente de todos os tratores por algumas horas. Mas só mesmo a genialidade e excentricidade de seu amigo Ford Prefect o fazem sair dali pra algum motivo dito maior. Nesse momento, Arthur descobre que Ford é um alienígena e que os Vogons irão destruir a Terra pra construção de uma via expressa hiperespacial que passaria por aquele ponto.

Ford e Arthur conseguem sair da Terra pegando carona numa nave Vogon e daí começa toda a história e aventuras que eles irão passar.

Mas calma, leitor, esse livro não é infantil muito menos imbecil. Na verdade, a história em si é o que menos importa. O que me entretém ao máximo é que Douglas Adams (o autor) consegue transformar cada parágrafo num contingente absoluto de ironias e gozações com o comportamente humano (traduzindo: humor britânico de primeiríssima). No começo você pode até se confundir com tantos nomes de galáxias e planetas e povos e etc, todos bizarríssimos! Mas aí você faz como eu e ignora-os. Os nomes não têm importâncioa alguma, tal como a história.

Aconselho a todo mundo que gosta de um humor sem escrúpulos e também não faz muita questão do que chamamos de "moral e bons costumes". Excelente!

Agora eu vou reler o resto da coleção (+ 4 livros), com licença.